Em 2000, os dirigentes mundiais assumiram importantes compromissos em prol do desenvolvimento. O primeiro foi a adoção do Marco de Ação em Dakar, onde 164 países aprovaram seis objetivos ambiciosos para 2015 relativos à educação de crianças, jovens e adultos do mundo inteiro. O segundo foi a aprovação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que se traduzem em oito metas para a educação, a saúde infantil, nutrição etc.
A educação representa um papel fundamental na redução da pobreza e desigualdades, assim como no fortalecimento da democracia. Todos os anos, a UNESCO apresenta um Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos. A edição de 2009 – “Superando a desigualdade: por que a governança é importante” - mostra que muitos dos compromissos assumidos não poderão ser cumpridos até 2015, caso as tendências atuais persistam. Mesmo que progressos tenham sido feitos, eles ainda são muito lentos.
No lançamento, no último dia 25 de novembro, em Paris, o Diretor Geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, declarou: “Quando há uma falência nos sistemas educacionais, as conseqüências são menos visíveis, mas não menos reais. As oportunidades de educação desiguais alimentam a pobreza, a fome, a mortalidade infantil e reduzem as possibilidades de crescimento econômico. É por isso que governos precisam agir com um maior sentido de urgência.”
O relatório apresenta ainda os benefícios gerais do desenvolvimento educacional, já que as estatísticas comprovam a relação entre a educação e o desenvolvimento econômico e produtivo das nações. Estudos comprovam que de 1960 até 2000, os países que apresentavam um ano letivo a mais na escolarização tinham um aumento no PIB de 0,37%. Quando esses estudos eram acompanhados de matérias cognitivas, esse percentual anual do PIB aumentava para 1%.
A mensagem central é que os governos precisam dar prioridade à justiça e à eqüidade social. “Se os governos tratam com seriedade o compromisso Educação para Todos, eles devem ser mais sérios no combate à desigualdade,” declara Matsuura. O relatório cita um exemplo motivador registrado na América Latina. Vários países na região introduziram programas de transferência de dinheiro para domicílios de baixa renda, com pagamentos condicionados à freqüência escolar e visitas ao médico. O programa Oportunidades, do México, um dos maiores deles, está sendo implantado atualmente em uma experiência-piloto em Nova York.
- uma em cada três crianças em países em desenvolvimento (193 milhões no total) chega à faixa etária adequada à educação primária com seu desenvolvimento cerebral e perspectivas de aprendizagem prejudicadas pela desnutrição – um número que passa de 40% em partes do Sul da Ásia.
- de acordo com as projeções parciais, pelo menos 29 milhões de pessoas ainda estarão fora das escolas em 2015. Esse número não inclui os países afetados por conflitos como o Sudão e a República Democrática do Congo.
- milhões de crianças começam a freqüentar a escola, mas desistem antes de concluir a educação primária. Mais ainda, avaliações de aprendizagem documentam o fracasso dos sistemas escolares em relação à educação de qualidade – muitas crianças estão terminando a escola sem adquirir as mais básicas habilidades de alfabetização e de domínio de números.
-além dos déficits atuais nas escolas, o relatório da UNESCO revela um grande atraso: cerca de 776 milhões de adultos – 16% da população mundial – não possuem alfabetização básica. Dois terços são mulheres. Baseado nas tendências atuais, ainda haverá mais de 700 milhões de adultos analfabetos em 2015.

Nenhum comentário:
Postar um comentário